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Democracia



As sociedades contemporâneas vivem em um limbo democrático, onde oscila entre velhas ditaduras e uma eterna busca por democracia, advindas do medo das velhas estruturas, do fantasma da guerra fria, período onde a disputa ideológica por “regimes de verdades” distintos nos remetem ao entendimento de que não há um conceito homogêneo sobre o assunto. 

Se democracia significa governo do povo, o próprio entendimento do que é o povo modificará substancialmente o resultado, afinal, se lembrarmos a democracia ateniense, que é o berço desse sistema político, será inevitável cometer anacronismo ao dizer que era excludente com as mulheres, escravos, analfabetos e outros tantos grupos sociais. Portanto para além de um regime político, uma democracia plena dependerá de um conjunto de fatores culturais, sociais e econômicos.

Sobre essa perspectiva, após os anos de repressão vividos no pós-guerra – com as novas esperanças criadas pelo marco físico da queda do muro de Berlim, que repercutiu pelo mundo, em um curto período de tempo dando fim às estruturas autoritárias e militarizadas que tinham como argumento a defesa da democracia pautada em vieses ideológicos distintos – em 1988 uma nova constituição marca o início de uma nova era brasileira, através de uma democracia participativa e direta. A constituição brasileira ganhou a fama de uma das melhores e mais completas constituições democráticas do mundo.

Entretanto perceberemos na última década – apesar de todas as tentativas dos meios de comunicação mundiais – uma intensa crise de representatividade pelo mundo, começando pela Europa em decorrência da crise de 2008, passando pelos EUA com o Ocuppy All Street e alcançando o Brasil em 2011 com ocupações urbanas em todo País e se intensificando nas recentes revoltas de junho de 2013 sobre a bandeira da luta pelo direito à cidade. 

Debates sobre democracia real percorreram o mundo, com frases como “os que estão no poder não nos representam”, dos indignados da Espanha e “somos os 99%”, dos ocupantes de Wall Street. Grupos que alegavam a existência de uma falsa democracia que só beneficiava realmente os banqueiros, onde era na verdade o sistema econômico que regia o sistema político. Ocuparam ruas e praças com plenárias, reuniões e debates organizados horizontalmente para exigir participação política popular. 

Esses grupos alegavam que a crise representativa surgiu no momento em que perceberam que não importa os que entram no poder, pois seriam apenas peças novas do mesmo jogo com regras definidas, portanto era preciso mudar as regras, fazer algo novo. Dessa forma os representantes ditos populares não passariam de fantoches dos que controlam o capital financeiros e seus doadores comparados a grandes jogadores e acionistas do grande Banco Imobiliário. constituídos de grandes corporações. Novos questionamentos que não se parecem em nada com os existentes no período anteriormente citado, advindos das novas estruturas, em grande parte associadas ao advento dos novos meios de comunicação e reflexo do efêmero século XX. 

A partir de então, a grande questão dos governos tem sido: como responder a essas demandas. Um dos exemplos de resposta positiva por parte de um governo a essas demandas populares foi a Islândia, que em 2008 foi um dos primeiros países atingidos pela crise econômica e rejeitou uma das principais estratégias adotadas pelos países europeus atingidos que para tentar sanar a crise agiu com extrema austeridade econômica: Taxou os cidadãos com altíssimos impostos, que já estavam em decadência, para poder subsidiar os bancos. Nas palavras do presidente islandês Ólafur Ragnar “A Islândia é uma democracia, não um sistema financeiro”, foi então decidido que o uso do dinheiro público para indenizar os bancos seria objeto de plebiscito. O resultado foi o apoio massivo ao calote.

Entretanto esse exemplo precisa ser encaixado no espaço onde ele se encontra, analisando toda estrutura econômica em que se insere, não apenas verificando o micro espaço, mas também o macro que inclui todo o sistema internacional, cujos países ainda explorados fazem possível países se manterem em sua estrutura social e econômica suficientemente estabilizada para isso.

No mais, a extrema truculência e repressão têm sido as ferramentas de resposta, no Brasil, México, EUA, Espanha, Portugal, Grécia e em tantos outros não citados: prisões, perseguições, desaparecimentos, clandestinidades e torturas têm voltado, como se nunca houvessem saído, do cenário mundial, que tal qual em épocas anteriores, são ignoradas e ao máximo, abafadas pelas corruptas e cúmplices, mídias locais.



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