O Conceito de Liberdade para a Filosofia
Liberdade significa o direito de agir segundo o seu livre arbítrio, de
acordo com a própria vontade, desde que não prejudique outra pessoa, é a
sensação de estar livre e não depender de ninguém. Liberdade é também um
conjunto de ideias liberais e dos direitos de cada cidadão. Liberdade é classificada pela filosofia, como a independência do ser
humano, o poder de ter autonomia e espontaneidade. A liberdade é um conceito
utópico, uma vez que é questionável se realmente os indivíduos tem a liberdade
que dizem ter, se com as mídias ela realmente existe, ou não. Diversos
pensadores e filósofos dissertaram sobre a liberdade como Sartre, Descartes,
Kant, Marx e outros. No meio jurídico, existe a liberdade condicional, que é quando um
indivíduo que foi condenado por algo que cometeu, recebe o direito de cumprir
toda, ou parte de sua pena em liberdade, ou seja, com o direito de fazer o que tiver
interesse, mas de acordo com as normas da justiça. Existe também a liberdade
provisória, que é atribuída a um indivíduo com cunho temporário. Pode ser
obrigatória, permitida (com ou sem fiança) e vedada (em certos casos como o
alegado envolvimento em crime organizado).
A liberdade de expressão é a garantia e a capacidade dada a um
indivíduo, que lhe permite expressar as suas opiniões e crenças sem ser
censurado. Apesar disso, estão previstos alguns casos em que se verifica a
restrição legítima da liberdade de expressão, quando a opinião ou crença tem o
objetivo discriminar uma pessoa ou grupo específico através de declarações
injuriosas e difamatórias. Com origem no termo em latim libertas, a palavra liberdade
também pode ser usada em sentido figurado, podendo ser sinônimo de ousadia,
franqueza ou familiaridade. Ex: Como você chegou tarde, eu tomei a
liberdade de pedir o jantar para você. A liberdade pode consistir na personificação de ideologias liberais. Faz
parte do lema "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", criado em
1793 para expressar valores defendidos pela Revolução Francesa, uma revolta que
teve um impacto enorme nas sociedades contemporâneas e nos sistemas políticos
da atualidade.
No âmbito da música, várias obras foram dedicadas ou inspiradas pelo
conceito de liberdade. Um exemplo é o Hino da Proclamação da República do
Brasil, escrito por Medeiros de Albuquerque: "Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!"
Liberdade e Ética. De acordo com a ética, a liberdade está relacionada com responsabilidade,
uma vez que um indivíduo tem todo o direito de ter liberdade, desde que essa
atitude não desrespeite ninguém, não passe por cima de princípios éticos e
legais.
Segundo a filosofia, liberdade é o conjunto de direitos de cada
indivíduo, seja ele considerado isoladamente ou em grupo, perante o governo do
país em que reside; é o poder qualquer cidadão tem de exercer a sua vontade
dentro dos limites da lei.
Diversos filósofos estudaram e publicaram suas obras sobre a liberdade como
Marx, Sartre, Descartes, Kant e outros. Para Descartes a liberdade é motivada
pela decisão do próprio indivíduo, mas muitas vezes essa vontade depende de
outros fatores, como dinheiro ou bens materiais.
Em geral vou tentar abordar a visão de liberdade de alguns filósofos em destaque:
Sócrates
Sócrates, nasceu entre
470/469 a.C época em que os gregos enfrentam as Guerras Médicas onde o Mar
Egeu passa a ser um mar “helênico”. Atenas assume nesse período a hegemonia da
Grécia onde já está instituído o governo democrático além da forte influência
dos chamados “sofistas” que usavam o jogo da linguagem para difundirem seus
pensamentos acerca de temas como justo, belo, bom mediante pagamento, passando
assim a seculariza a filosofia buscando-a por seu valor utilitário, negando
assim, o absolutismo da verdade, pois concebem a verdade como uma criação do
homem, uma construção histórica, uma convenção social, e atribuem essas
características aos conceitos sobre Direito, Liberdade, Bem-estar, etc.
A partir
daí surge a figura de Sócrates que vem para romper e quebrar esses paradigmas
existentes, reposicionando a atividade lógica (constituindo uma crítica aos
sofistas) em que a verdade só pode ser alcançada senão por uma certeza e
opinião, conceito e preconceito. Fundando assim a ontologia da “descoberta do
ser” concentrando sua filosofia no “conhecer-se a si mesmo” tentando assim
instigar o indivíduo a pensar por si mesmo. Deste ponto começa nossa pesquisa acerca
de como esse indivíduo relaciona-se com essa “liberdade de expressão”, mediante
o pensamento de liberdade para Sócrates, fazendo uma breve análise entre o
julgamento de Sócrates e a formação dos Estados Democráticos e por fim fazer
uma análise da necessidade e objetivo da fortificação da liberdade de expressão
na atualidade.
Para
começar nosso estudo de antemão torna-se necessário analisar as várias concepções
que se tem no mundo antigo de liberdade e mesmo de indivíduo. Partindo deste
ponto chegamos a três concepções principais expostos por Gigon a seguir: A primeira é a concepção em
que se tem a liberdade como forma de vida do Estado e do indivíduo no Estado e
na sociedade. Já a segunda é a que concebe a liberdade como pressuposto de
toda ação eticamente responsável e, por isso, serão consideradas sobretudo as
limitações que, justamente, de muitos lados, restringem essa liberdade. E na
terceira, perguntar-se-á como, na perspectiva cosmológica e teológica, pode-se
afirmar a liberdade da ação humana. Tanto na antiguidade quanto na atualidade, a concepção de
“liberdade” é considerada um fim intrínseco a realidade, tanto do indivíduo
como da sociedade em que ele vive, e por consequência também influência a
história mundial no âmbito de seu conjunto.
No mundo antigo “cidadão era
aquele que tinha o direito e a competência para emitir opiniões sobre todos os
assuntos da cidade, de ouvir todas as opiniões diferentes e de discutir todas
elas para poder decidir e votar” (CHAUI, 2002, p.203). Vale ressalvar, nem
todos eram considerados cidadãos, e por consequência nem todos tinham o direito
a chamada “liberdade” aqui está era para aquele grupo de indivíduos que
conseguiram superar o domínio da Zoe e se encontravam no chamado domínio da Bios, que seria uma forma de
vida idealizada, no qual o âmbito principal seria a questão da política do bem
viver que poderia ser discutida.
Para falarmos sobre
democracia no mundo antigo precisamos antes explanar o que seria a democracia,
e assim chegar ao sentido que seus limites sociais implicam. Para os indivíduos desse
período a autarquia seria a forma ideal de poder, já que ela significa, em
primeiro lugar, a pretensão de poder satisfazer a todas as necessidades físicas
por suas próprias forças ou sem depender do serviço prestado por um estranho,
no que toca ao indivíduo, a autarquia pode traduzir a tentativa de contar
integralmente consigo mesmo para sua sobrevivência física representando assim
sua importância como expressão da independência espiritual do indivíduo, onde o
mesmo basta-se a si próprio e não precisa da presença de qualquer outro homem. Atualmente, o termo democracia diz respeito “a um governo pelo
povo seja direto ou representativo” e o termo república geralmente é usado para
se referir a “um sistema político onde um chefe de estado é eleito por um tempo
limitado, oposto de uma monarquia constitucional”.
Mas se a forma ideal de
governo seria uma monarquia, e neste viés a democracia seria uma forma de
governo não ideal, qual a contribuição de Sócrates para a sua instauração na
atualidade? Sócrates não tentou nem ao mesmo se defender ao invés disso
lutou até o seu fim para defender suas ideias, o que o fez até o último
minuto da sua vida. Depois disto, se passado mais de 24 séculos pouco
refletimos sobre a grandiosidade do ato desse ilustre pensador que marcou o
pensamento filosófico. Com sua determinação de preferir ser condenado a deixar
de filosofar, “ Eu nunca deixarei de pensar”, Sócrates estabeleceu as bases da luta pelo
direito a manifestação de pensamentos e defesa dos mesmos, a chamada liberdade
de expressão, que influenciada junto com os ideais iluministas contribuiu para
a formação das atuais democracias.
Com a posição de Sócrates a filosofia ganhou
vida. Além de deixar também um dos maiores legados as sociedades contemporâneas
democráticas: o exemplo de luta pelo direito de expor suas ideias e pensamentos e defendê-los. Sócrates morreu injustamente,
porém, em defesa do pensamento e da verdade.
Descartes
Para
o filósofo René Descartes (1596-1650),
age com mais liberdade quem melhor compreende as alternativas que precedem a
escolha. Dessa premissa, decorre o silogismo lógico de que, quanto mais evidente a veracidade de uma
alternativa, maiores as chances de ela ser escolhida pelo agente. Nesse sentido,
a inexistência de acesso à informação afigura-se óbice à identificação da
alternativa com maior grau de veracidade.
Espinoza
Para Espinoza (1632-1677),
a liberdade possui um elemento de identificação com a natureza do
"ser". Nesse sentido, ser livre significa agir de acordo com sua
natureza. É mediante a liberdade que o Homem se exprime como tal e em sua
totalidade. Esta é também, enquanto meta dos seus esforços, a sua própria
realização. Tendemos a associar a fruição da liberdade a uma determinação
constante e inescapável. Contudo, os ditames de nossa vida estão sendo
realizados a cada passo que damos: assim, a deliberação está também a cargo da
vontade humana (na qual se inserem as leis físicas e químicas, biológicas e
psicológicas). Diretamente associada à ideia de liberdade, está a noção de
responsabilidade, vez que o ato de ser livre implica assumir o conjunto dos
nossos atos e saber responder por eles.
Gottfried Wilhelm Leibniz
Para Leibniz (1646-1716),
o agir humano é livre a despeito do princípio de causalidade que rege os
objetos do mundo material.
“A ação humana é contingente,
espontânea e refletida. Ou seja, ela é tal que poderia ser de outra forma
(nunca é necessária) e, por isso, contingente. É espontânea porque sempre parte
do sujeito agente que, mesmo determinado, é responsável por causar ou não uma
nova série de eventos dentro da teia causal. É refletida porque o homem pode
conhecer os motivos pelos quais age no mundo e, uma vez conhecendo-os, lidar
com eles de maneira livre. ”
Kant
Segundo Kant, liberdade está relacionado com autonomia, é o
direito do indivíduo dar suas próprias regras, que devem ser seguidas
racionalmente. Essa liberdade só ocorre realmente, através do conhecimento das
leis morais e não apenas pela própria vontade da pessoa. Kant diz que a
liberdade é o livre arbítrio e não deve ser relacionado com as leis.
Schopenhauer
Para Arthur
Schopenhauer (1788-1860), a ação
humana não é absolutamente livre. Todo o agir humano, bem como todos os
fenômenos da natureza, até mesmo suas leis, são níveis de objetivação da
coisa em si kantiana que o filósofo identifica como sendo puramente vontade. Para Schopenhauer, o homem é
capaz de acessar sua realidade por um duplo registro: o primeiro, o do fenômeno, onde todo o existente
reduz-se, nesse nível, a mera representação. No nível essencial, que não se deixa apreender pela intuição
intelectual, pela experiência dos sentidos, o mundo é apreendido imediatamente
como vontade, Vontade de Vida.
Nesse caso, a noção de vontade assume um aspecto amplo e aberto, transformando-se
no princípio motor dos eventos que se sucedem na dimensão fenomênica segundo a
lei da causalidade. O homem, objeto entre objetos, coisa entre coisas, não
possui liberdade de ação porque não é livre para deliberar sobre sua vontade. O
homem não escolhe o que deseja, o que quer. Logo, não é livre - é absolutamente
determinado a agir segundo sua vontade particular, objetivação da vontade
metafísica por trás de todos os eventos naturais. O que parece deliberação é
uma ilusão ocasionada pela mera consciência sobre os próprios desejos. É poder
viver sem ninguém mandar.
Bakunin
Bakunin (1814-1876)
não se referia a um ideal abstrato de liberdade, mas a uma realidade concreta
baseada na liberdade simétrica de outros. Liberdade consiste no
"desenvolvimento pleno de todas as faculdades e poderes de cada ser
humano, pela educação, pelo treinamento científico, e pela prosperidade
material". Tal concepção de liberdade é "eminentemente social, porque
só pode ser concretizada em sociedade," não em isolamento. Em um sentido
negativo, liberdade é "a revolta do indivíduo contra todo tipo de
autoridade, divina, coletiva ou individual."
Marx
Marx
Influenciado por Hegel, nos Manuscritos
econômico-filosóficos e em A ideologia Alemã, Karl Marx (1818-1883) entende a liberdade humana
como a constante criação prática pelos indivíduos de circunstâncias objetivas
nas quais despontam suas faculdades, sentidos e aptidões (artísticas,
sensórias, teóricas. Ele, assim, critica as concepções metafísicas da liberdade. Para ele, não há
liberdade sem o mundo material no qual os indivíduos manifestam na prática sua
liberdade junto com outras pessoas, em que transformam suas circunstâncias
objetivas de modo a criar o mundo objetivo de suas faculdades, sentidos e
aptidões. Ou seja, a liberdade humana só pode ser encontrada de fato pelos
indivíduos na produção prática das suas próprias condições materiais de
existência. Desse modo, se os indivíduos são privados de suas próprias
condições materiais de existência, isto é, se suas condições objetivas de
existência são propriedade privada (de outra pessoa,
portanto), não há verdadeira liberdade, e a sociedade se divide em proletários e capitalistas.
Sob o domínio do
capital, a manifestação prática da vida humana, a atividade produtiva, se torna
coerção, trabalho assalariado; as
faculdades, habilidades e aptidões humanas se tornam mercadoria, força de trabalho, que é vendida no mercado de trabalho, e a vida humana
se reduz à mera sobrevivência. Marx diz que as várias liberdades parciais que
existem no capitalismo - por exemplo, a liberdade econômica
(de comprar e vender mercadorias), a liberdade de expressão ou a liberdade
política (decidir quem governa) - pressupõem que a separação dos homens com
relação as suas condições de existência seja mantida, pois, caso essa separação
seja atacada pelos homens em busca de sua liberdade material fundamental, todas
essas liberdades parciais são suspensas (ditadura) para restabelecer o
capitalismo. Mas, se a luta dos indivíduos privados de suas condições de
existência (proletários) tiver êxito e se eles conseguirem abolir a propriedade
privada dessas condições, seria instaurado o comunismo,
que ele entende como a associação
livre dos produtores.
Sartre
Para Jean-Paul
Sartre (1905-1980), a liberdade é
a condição ontológica do ser humano. O homem é, antes de
tudo, livre. O homem é livre mesmo de uma essência particular, como não o são
os objetos do mundo, as coisas. Livre a um ponto tal que pode ser considerado a
brecha por onde o Nada encontra seu espaço na ontologia. O homem é nada antes de
definir-se como algo, e é absolutamente livre para definir-se, engajar-se,
encerrar-se, esgotar a si mesmo. O tema da liberdade é o núcleo central do pensamento
do filósofo francês e resume toda a sua doutrina. Sua tese é: a liberdade é
absoluta ou não existe. Sartre recusa todo determinismo e mesmo qualquer forma de condicionamento. Assim, ele recusa Deus e
inverte a tese de Lutero; para
este, a liberdade não existe justamente porque Deus tudo sabe e tudo prevê. Mas
como, para Sartre, Deus não existe, a liberdade é absoluta.
E recusa também o
determinismo materialista: se
tudo se reduzisse à matéria, não
haveria consciência e não haveria liberdade. Qual é,
então, o fundamento da liberdade? É o nada, o indeterminismo absoluto. Agora
entende-se melhor a má-fé: a tendência a ser termina sendo a negação da
liberdade. Se o fundamento da consciência é o nada, nenhum ser consegue ser
princípio de explicação do comportamento humano. Não há nenhum tipo de essência
- divina, biológica, psicológica ou social - que anteceda e possa justificar o
ato livre. É o próprio ato que tudo justifica. Por exemplo: de certo modo, eu
escolho inclusive o meu nascimento. Por quê? Se eu me explicasse a partir de
meu nascimento, de uma certa constituição psicossomática, eu seria apenas uma
sucessão de objetos.
Mas o homem não é objeto, ele é sujeito. Isso significa
que, aqui e agora, a cada instante, é a minha consciência que está "escolhendo",
para mim, aquilo que meu nascimento foi. O modo como sou meu nascimento é
eternamente mediado pela consciência, ou seja, pelo nada. A falsificação da
liberdade, ou a má-fé, reside precisamente na invenção dos determinismos de
toda espécie, que põem no lugar do nada o ser. A liberdade humana revela-se na angústia. O homem angustia-se diante
de sua condenação à liberdade. O homem só não é livre para não ser livre, está
condenado a fazer escolhas, e a responsabilidade de suas escolhas é tão
opressiva que surgem escapatórias através das atitudes e paradigmas de má-fé, onde o homem aliena-se de
sua própria liberdade, mentindo para si mesmo através de condutas e ideologias que o isentem da responsabilidade
sobre as próprias decisões.
Guy Debord
No livro A
Sociedade do Espetáculo, Guy
Debord (1931-1994), ao criticar a sociedade de consumo e o mercado,
afirma que a liberdade de escolha é uma liberdade ilusória, pois escolher é
sempre escolher entre duas ou mais coisas prontas, isto é, predeterminadas por
outros. Uma sociedade como a capitalista, onde a única liberdade que existe
socialmente é a liberdade de escolher qual mercadoria consumir, impede que os
indivíduos sejam livres na sua vida cotidiana.
A vida cotidiana na sociedade
capitalista se divide em tempo de trabalho (que é não livre, submetido à hierarquia de administradores e às exigências de lucro impostas pelo mercado) e tempo de
lazer (onde os indivíduos têm uma liberdade domesticada que é escolher entre
coisas que foram feitas sem liberdade durante o tempo de trabalho da
sociedade). Assim, a sociedade da mercadoria faz da passividade (escolher,
consumir) a liberdade ilusória que se deve buscar a todo o custo, enquanto que,
de fato, como seres ativos, práticos (no trabalho, na produção), somos não
livres.
Referências Bibliográficas:
MIRANDA Theobaldo. Manual da Filosofia. 15º, São Paulo, 1970, p.311, 398-456.
SARTRE Jean. Todo humanismo é um existêncialismo. 2º, São Paulo, 1990, p.31-42.
Coleção Os Pensadores - Vol XXXV - Manuscritos Econômico-Filosóficos e Outros Textos Escolhidos - Karl Marx- seleção por José Arthur Giannotti.
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