Qual o papel político da Maçonaria no cenário político atual?
( Iluminismo e maçonaria, França )
Ao final, os setores reacionários (girondinos, que eram os
velhos donos de terras e figuras de proeminência política) é que tomaram a
frente do processo de guerra civil, imputando a pena de morte ao povo
(jacobinos) que se organizava com força.
A maçonaria teve papel decisivo nesse processo, com vários
de seus membros permeando tanto o meio teórico (Voltaire, por exemplo, que
inclusive era escravocrata) como no "prático" (Tiradentes, com os
Inconfidentes aqui no Brasil, ainda com influência da Revolução Francesa). De
lá pra cá, muita coisa mudou, e a maçonaria fincou sua imagem como uma ordem de
grande respeito na sociedade, em decorrência de suas ações filantrópicas que
aparecem sempre mascaradas em nome de empresas ou outros coletivos (como ela
busca ser discreta, geralmente seus membros organizam doações em nome de algum
órgão ou empresa, pois não buscam reconhecimento por tais ajudas).
Em suma, os auxílios prestados aparecem sempre sob outra
égide que não a da maçonaria.
A grande questão é que muitos dos seus membros são (grandes)
políticos ou empresários que acabam usando destas relações ditas
"fraternais" para concretizar projetos externos ao espaço de seus
"aperfeiçoamentos".
Sendo assim, a maçonaria se organizou em vários momentos
politicamente decisivos para tentar atingir certos objetivos.
Focaremos, aqui, no Brasil.
No ano de 2013 o Brasil foi sacudido por gigantescas
manifestações populares que abalaram as bases políticas, reacendendo a chama do
questionamento e sede por conhecimento. Tão forte foi isso que em dois anos o
país já estava dividido entre esquerda e direita política, discussão está que
estava aparentemente enterrada.
(Candelária, Rio de Janeiro 2013)
Como as grandes agitações populares de 2013 ocorreram nas
capitais, as cidades interioranas logo fizeram reverberar o grito popular,
ainda muito cru e significativamente despolitizado.
( Tomada da Bastilha brasileira, Brasília 2013 )
Após a realização da Copa do Mundo de 2014, todos os acordos
de lucros com o evento foram cumpridos.
Isso significava que Dilma Rousseff já não era uma peça
importante no jogo de mediação das relações político-partidárias. Não iremos
nos ater sobre a legalidade ou ilegalidade do processo de impeachment, pois
acreditamos que isso mereça uma análise mais profunda que não nos cabe aqui.
De qualquer modo, assim que os rumores de um possível processo
de impeachment começaram a rolar na televisão e internet, a maçonaria identificou
os elementos primordiais para causar um abalo político que pudesse servir a
seus membros.
Novos protestos foram organizados e divulgados em suas
páginas, chamando a população "para protestar contra a corrupção".
Entretanto, se vocês pesquisarem aí mesmo nas suas cidades e
regiões, verão que as figuras centrais destes "protestos" são os
(maiores) empresários de suas cidades, levando, inclusive, faixas da maçonaria
e cartazes de rechaço à figura de Dilma Rousseff.
-http://www.jornalcruzeiro.com.br/materia/485781/macons-realizam-protesto-contra-a-corrupcao-no-pais
-http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/02/grupo-de-macons-protesta-na-camara-contra-corrupcao-e-o-pt.html
Sempre que citamos o nome de Dilma sabemos que se faz
necessário fazer a ressalva de que não apoiamos esta ou aquela bandeira
partidária. Buscamos analisar os fatos externamente, com a maior neutralidade
possível. Assim, lançamos a pergunta retórica: se a corrupção no Brasil é
endêmica (abarca praticamente todos os partidos em decorrência das coligações),
por quê a maçonaria direcionou seu foco única e exclusivamente em uma pessoa e
ignorou senadores e deputados?
Para tornar mais clara a reflexão que queremos propor, basta
pesquisar o que aconteceu com alguns dos vários deputados que, no espetáculo
midiático que foi o processo de impeachment, vociferaram contra uma única
pessoa em um sistema político falido:
-http://www.valor.com.br/politica/4528635/elogiado-em-voto-por-impeachment-marido-de-deputada-federal-e-preso
-http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,deputado-que-deu-o-voto-342-pelo-impeachment-aparece-em-planilha-da-odebrecht-na-lava-jato,10000026669
-https://oglobo.globo.com/brasil/deputada-que-teve-marido-preso-apos-voto-do-impeachment-investigada-no-supremo-19533444
-https://oglobo.globo.com/brasil/ex-deputado-preso-em-bh-filho-parlamentar-citou-honestidade-do-pai-em-votacao-do-impeachment-19396571
-https://extra.globo.com/noticias/brasil/deputado-dos-confetes-wlad-costa-foi-parlamentar-que-mais-faltou-as-sessoes-da-camara-em-2015-19108658.html
-http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2016-07-08/deputado-do-confete-no-impeachment-tem-mandato-cassado-pela-justica-eleitoral.html
-https://www.youtube.com/watch?v=uplG5OGfFiU
Com a maçonaria fazendo com que o interior dos estados
repetissem em uníssono o que os deputados também pediam na mídia nacional, o
terreno para o impeachment foi devidamente preparado.
Ora, Lacking Faces, vocês estão se doendo por conta da
remoção de Dilma Rousseff?
Negativo!
O que chamamos a atenção é justamente para tudo o que
ocorreu depois! Sem uma pessoa que pudesse, de alguma forma, atrapalhar certas
"relações" (não estamos dizendo que ela era honesta!), todo um
projeto de maior margem de lucro empresarial e de cortes nos direitos
trabalhistas foi se concretizando. Até a FIESP se manifestou "contra a
corrupção" e apoiou os protestos contra todo o PT. Curioso é que essa
mesma FIESP atuou efetivamente no golpe militar de 1964, onde a relação dos
empresários com a polícia política (DOPS) ficou mais estreita (empresários,
FIESP e uma união para mudar o quadro da política nacional - a mesma relação
que vimos em 2015).
Há quem diga que "somente terroristas" foram
presos, perseguidos ou mortos. Nós, da Lacking Faces, propomos um olhar mais
crítico a esta versão:
-http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/06/1463226-papeis-de-militares-expoem-atuacao-da-fiesp-no-golpe-de-64.shtml
-https://oglobo.globo.com/brasil/o-elo-da-fiesp-com-porao-da-ditadura-7794152
Não tardou para que a mídia começasse a falar em
"flexibilização da CLT". O que chamam de flexibilização nada mais é
do que cortes em Direitos Trabalhistas conquistados com muito sangue e suor
(literalmente) nos últimos dois séculos:
-http://g1.globo.com/politica/noticia/temer-reforma-trabalhista-aprovada-no-congresso-e-uma-das-mais-ambiciosas-dos-ultimos-30-anos.ghtml
-http://g1.globo.com/economia/noticia/confira-o-que-pode-mudar-com-a-reforma-trabalhista.ghtml
No que tange à
Reforma da Previdência, Temer e cia não são nada idiotas, e parecem não querer
mexer nas garantias dos que são responsáveis por fazer a segurança da classe
política e atirar contra a população indignada:
-http://g1.globo.com/politica/noticia/em-ajustes-finais-relator-faz-concessoes-a-policiais-e-agentes-penitenciarios.ghtml
Dessa forma, vemos que a maçonaria constitui um dispositivo
político altamente organizado, composto também por figuras de importância
social em suas cidades (nem todos os maçons, claro, pensam e agem da mesma
forma, como se vê aqui:
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/protestos-contra-o-golpe-ate-a-maconaria-esta-revendo-opinioes-por-mauro-donato/)
que usaram do modelo de organização da ordem para construir um movimento
político que pudesse conferir alguma legitimidade a um processo feito por
pessoas que parecem não diferir muito de quem objetivavam impedir de governar,
afim de fortalecer relações econômicas entre si (suas empresas) e o Estado.
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