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Qual o papel político da Maçonaria no cenário político atual?

 Sabemos, não é de hoje, que a maçonaria possui em suas fileiras homens de diversas esferas sociais. Aberta a todos os homens crentes em algum Deus e que busquem um aprimoramento filosófico, ético e moral, ela possui suas regras e métodos de aceitação de novos membros, de estudos e ritualísticos. Surgida no seio do movimento iluminista, a maçonaria representou em certo período um coletivo de homens revolucionários. Fundamentando-se nos discursos liberais (que para a época significaram uma via de escape das velhas estruturas de servidão feudal) de pensadores como Hobbes e Locke, esse período revolucionário foi, por si só, um imenso banho de sangue, com civis, reis e rainhas decapitados.

( Iluminismo e maçonaria, França )

Ao final, os setores reacionários (girondinos, que eram os velhos donos de terras e figuras de proeminência política) é que tomaram a frente do processo de guerra civil, imputando a pena de morte ao povo (jacobinos) que se organizava com força.
A maçonaria teve papel decisivo nesse processo, com vários de seus membros permeando tanto o meio teórico (Voltaire, por exemplo, que inclusive era escravocrata) como no "prático" (Tiradentes, com os Inconfidentes aqui no Brasil, ainda com influência da Revolução Francesa). De lá pra cá, muita coisa mudou, e a maçonaria fincou sua imagem como uma ordem de grande respeito na sociedade, em decorrência de suas ações filantrópicas que aparecem sempre mascaradas em nome de empresas ou outros coletivos (como ela busca ser discreta, geralmente seus membros organizam doações em nome de algum órgão ou empresa, pois não buscam reconhecimento por tais ajudas).
Em suma, os auxílios prestados aparecem sempre sob outra égide que não a da maçonaria.
A grande questão é que muitos dos seus membros são (grandes) políticos ou empresários que acabam usando destas relações ditas "fraternais" para concretizar projetos externos ao espaço de seus "aperfeiçoamentos".
Sendo assim, a maçonaria se organizou em vários momentos politicamente decisivos para tentar atingir certos objetivos.

Focaremos, aqui, no Brasil.

No ano de 2013 o Brasil foi sacudido por gigantescas manifestações populares que abalaram as bases políticas, reacendendo a chama do questionamento e sede por conhecimento. Tão forte foi isso que em dois anos o país já estava dividido entre esquerda e direita política, discussão está que estava aparentemente enterrada.

(Candelária, Rio de Janeiro 2013)

Como as grandes agitações populares de 2013 ocorreram nas capitais, as cidades interioranas logo fizeram reverberar o grito popular, ainda muito cru e significativamente despolitizado.

( Tomada da Bastilha brasileira, Brasília 2013 )

Após a realização da Copa do Mundo de 2014, todos os acordos de lucros com o evento foram cumpridos.
Isso significava que Dilma Rousseff já não era uma peça importante no jogo de mediação das relações político-partidárias. Não iremos nos ater sobre a legalidade ou ilegalidade do processo de impeachment, pois acreditamos que isso mereça uma análise mais profunda que não nos cabe aqui.
De qualquer modo, assim que os rumores de um possível processo de impeachment começaram a rolar na televisão e internet, a maçonaria identificou os elementos primordiais para causar um abalo político que pudesse servir a seus membros.
Novos protestos foram organizados e divulgados em suas páginas, chamando a população "para protestar contra a corrupção".
Entretanto, se vocês pesquisarem aí mesmo nas suas cidades e regiões, verão que as figuras centrais destes "protestos" são os (maiores) empresários de suas cidades, levando, inclusive, faixas da maçonaria e cartazes de rechaço à figura de Dilma Rousseff.

-http://www.jornalcruzeiro.com.br/materia/485781/macons-realizam-protesto-contra-a-corrupcao-no-pais
-http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/02/grupo-de-macons-protesta-na-camara-contra-corrupcao-e-o-pt.html

Sempre que citamos o nome de Dilma sabemos que se faz necessário fazer a ressalva de que não apoiamos esta ou aquela bandeira partidária. Buscamos analisar os fatos externamente, com a maior neutralidade possível. Assim, lançamos a pergunta retórica: se a corrupção no Brasil é endêmica (abarca praticamente todos os partidos em decorrência das coligações), por quê a maçonaria direcionou seu foco única e exclusivamente em uma pessoa e ignorou senadores e deputados?
Para tornar mais clara a reflexão que queremos propor, basta pesquisar o que aconteceu com alguns dos vários deputados que, no espetáculo midiático que foi o processo de impeachment, vociferaram contra uma única pessoa em um sistema político falido:
   
-http://www.valor.com.br/politica/4528635/elogiado-em-voto-por-impeachment-marido-de-deputada-federal-e-preso
-http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,deputado-que-deu-o-voto-342-pelo-impeachment-aparece-em-planilha-da-odebrecht-na-lava-jato,10000026669
-https://oglobo.globo.com/brasil/deputada-que-teve-marido-preso-apos-voto-do-impeachment-investigada-no-supremo-19533444
-https://oglobo.globo.com/brasil/ex-deputado-preso-em-bh-filho-parlamentar-citou-honestidade-do-pai-em-votacao-do-impeachment-19396571
-https://extra.globo.com/noticias/brasil/deputado-dos-confetes-wlad-costa-foi-parlamentar-que-mais-faltou-as-sessoes-da-camara-em-2015-19108658.html
-http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2016-07-08/deputado-do-confete-no-impeachment-tem-mandato-cassado-pela-justica-eleitoral.html
-https://www.youtube.com/watch?v=uplG5OGfFiU

Com a maçonaria fazendo com que o interior dos estados repetissem em uníssono o que os deputados também pediam na mídia nacional, o terreno para o impeachment foi devidamente preparado.

Ora, Lacking Faces, vocês estão se doendo por conta da remoção de Dilma Rousseff?

Negativo!

O que chamamos a atenção é justamente para tudo o que ocorreu depois! Sem uma pessoa que pudesse, de alguma forma, atrapalhar certas "relações" (não estamos dizendo que ela era honesta!), todo um projeto de maior margem de lucro empresarial e de cortes nos direitos trabalhistas foi se concretizando. Até a FIESP se manifestou "contra a corrupção" e apoiou os protestos contra todo o PT. Curioso é que essa mesma FIESP atuou efetivamente no golpe militar de 1964, onde a relação dos empresários com a polícia política (DOPS) ficou mais estreita (empresários, FIESP e uma união para mudar o quadro da política nacional - a mesma relação que vimos em 2015).



Há quem diga que "somente terroristas" foram presos, perseguidos ou mortos. Nós, da Lacking Faces, propomos um olhar mais crítico a esta versão:
   
-http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/06/1463226-papeis-de-militares-expoem-atuacao-da-fiesp-no-golpe-de-64.shtml
-https://oglobo.globo.com/brasil/o-elo-da-fiesp-com-porao-da-ditadura-7794152



Não tardou para que a mídia começasse a falar em "flexibilização da CLT". O que chamam de flexibilização nada mais é do que cortes em Direitos Trabalhistas conquistados com muito sangue e suor (literalmente) nos últimos dois séculos:
-http://g1.globo.com/politica/noticia/temer-reforma-trabalhista-aprovada-no-congresso-e-uma-das-mais-ambiciosas-dos-ultimos-30-anos.ghtml
-http://g1.globo.com/economia/noticia/confira-o-que-pode-mudar-com-a-reforma-trabalhista.ghtml

No que  tange à Reforma da Previdência, Temer e cia não são nada idiotas, e parecem não querer mexer nas garantias dos que são responsáveis por fazer a segurança da classe política e atirar contra a população indignada:
-http://g1.globo.com/politica/noticia/em-ajustes-finais-relator-faz-concessoes-a-policiais-e-agentes-penitenciarios.ghtml
   
   

Dessa forma, vemos que a maçonaria constitui um dispositivo político altamente organizado, composto também por figuras de importância social em suas cidades (nem todos os maçons, claro, pensam e agem da mesma forma, como se vê aqui: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/protestos-contra-o-golpe-ate-a-maconaria-esta-revendo-opinioes-por-mauro-donato/) que usaram do modelo de organização da ordem para construir um movimento político que pudesse conferir alguma legitimidade a um processo feito por pessoas que parecem não diferir muito de quem objetivavam impedir de governar, afim de fortalecer relações econômicas entre si (suas empresas) e o Estado.

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