O Sistema Imunológico e o Câncer
O sistema imunológico é um tanto complexo, desempenha uma função importante na manutenção das estruturas e do equilíbrio dos sistemas biológicos. Defende o seu corpo, seja pelo inato ou pelas células do adaptativo trabalhando em conjunto para reconhecer e destruir o antígeno específico.
Tentaremos compreende-lo como um todo. Assim poderemos chegar na relação entre o mesmo e o câncer. O objetivo é ser o mais explicito possível, logicamente passaremos por cima dos detalhes. Caso desperte o interesse sobre o assunto eu irei disponibilizar a bibliografia utilizada, nela você encontrará todos os tópicos seguido de seus detalhes.
Para começarmos a entender o sistema imune precisamos saber um pouco sobre sua história. Edward Jenner foi um médico britânico nascido em 17 de maio de 1749, o primeiro cientista a tentar uma imunização utilizando microrganismos atenuados não infectantes. Jenner então inoculou James Phipps (um menino de 8 anos) com o vírus da varíola bovina. Após 2 meses Jenner realizou a inoculação com material infectante da varíola humana em Phipps e observou que o menino não desenvolveu o vírus humano por já ter tido contato com o vírus bovino. Através desse experimento surgiu a vacina, criada por Edward Jenner em 1796.
Apresentei essa história da vacina para facilitar a compreensão da separação didática do sistema imune. Assim será mais fácil compreender a “função” do inato e adaptativo.
Nosso sistema imunológico responde a estímulos feitos por moléculas que o nosso organismo reconhece como “desconhecidas”, essas moléculas recebem o nome de Antígenos. Os antígenos desencadeiam uma resposta imune, a qual tem o objetivo de destruir os mesmos.
O sistema imune irá utilizar três estruturas para o reconhecimento do antígeno; anticorpos, receptores de células T (encontrados em linfócitos T) e moléculas de MHC.
Podemos separar o sistema imune didaticamente em inato e adaptativo.
A imunidade inata é um conjunto de células e moléculas presentes antes mesmo de um processo infeccioso (primeira linha de defesa do organismo), em termos evolutivos foi a primeira a surgir, abrangendo de plantas até mamíferos. A sua principal característica é a ausência de especificidade e memória.
A imunidade adaptativa possui os linfócitos T e B, as famosas células de memórias. São denominadas células de memória por reagirem de forma mais intensa e rápida ao encontrarem com um antígeno pela segunda vez. A vacina funciona exatamente assim, ela estimula essas células tendo o objetivo de prevenir o indivíduo do determinado vírus.
As respostas imunes inatas e adaptativas não são independentemente ativadas. Essas respostas se complementam. Os anticorpos gerados pela imunidade adquirida são capazes de direcionar os componentes do sistema inato aos alvos relevantes. (VERGANI e PEAKMAN,2009)
O nosso sistema imunológico tem a capacidade de definir o nosso (suas próprias células) do não nosso, isso se deve a tolerância imunológica. É algo que impede que o sistema imune se autodestrua, mas nem sempre isso funciona. As doenças autoimunes são provenientes de uma
falha nesse sistema de reconhecimento, a tolerância imunológica basicamente não funciona e os seus anticorpos não capazes de identificar e definir o que é seu e o que não é.
Uma vez que células do próprio hospedeiro adquirem a capacidade de reconhecer células próprias como estranhas, um sistema de seleção negativa ou autotolerância é instalado e, consequentemente, ocorre a eliminação dessas células. (SCUTTI e OLIVEIRA, 2016)
Agora conceituaremos de forma básica o que é o câncer, e faremos uma breve relação com o sistema imunológico.
O câncer é uma mutação genética em células do seu próprio organismo, seja por estímulo físico, químico ou biológico. Essas mutações originam um tecido chamado neoplásico, o tumor ou neoplasia pode ser definido como benigno caso seja restrito a um tecido e maligno se obtiver um perfil descontrolado e invasivo.
Os processos de mutação em células próprias deveriam ser reconhecidos pelo sistema imune e assim eliminados. Quando isso não acontece acarreta no que chamamos de tumor, pois essas células podem se replicar espalhando-se em seu organismo, originando o câncer.
Esse processo de destruição das células problemáticas não acontece devido também a tolerância imunológica. O que ocorre é uma falha dos linfócitos T, os mesmos deveriam impedir que essas células tumorais se desenvolvessem as reconhecendo como uma ameaça, porém quando isso não acontece essas células tumorais são reconhecidas como células normais do organismo. Como já abordamos a cima, a tolerância imunológica evita que o seu sistema imune ataque as células do seu próprio organismo, já que essas células tumorais não são reconhecidas como antígenos e sim como células normais, o seu sistema imune não ataca essas células defeituosas.
É complicado quando temos um “sistema” que tem o objetivo de controlar nossos anticorpos para que não destruam nossas próprias células, e por ventura, nossas células tornam-se o problema.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
SCUTTI, Jorge (Org.). Fundamentos da imunologia. São Paulo: Rideel, 2016. 472 p.
PEAKMAN, Mark ; VERGANI, Diego. Imunologia básica e clínica. 2ª. ed. Londres: Elsevier, 2009. 365 p.
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