‘Efeito Google’ muda uso da memória humana
Estudos científicos chamam esse fenômeno de ‘efeito Google’
ou ‘amnésia digital’, um sintoma de um comportamento cada vez mais comum: o de
confiar o armazenamento de dados importantes aos nossos dispositivos e à
internet no lugar de guardá-las na cabeça.
A ideia é simples: se você não tem de lembrar de cor todos os números de telefone de todos os seus contatos, uma vez que eles estão no seu smartphone, pode ocupar sua memória com informações mais importantes ou úteis.
“É parecido
com o diretor que delega para sua secretária a tarefa de lembrar seus
compromissos, ou com usar uma agenda de telefones para registrá-los”, explica o
neurologista Paulo Bertolucci, professor da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp).
Ignorância. O problema pode ser mais grave do que se imagina: além de recorrer à internet para guardar informações, muitas pessoas têm a impressão de que os dados online fazem parte de sua própria memória.
Em sua tese de doutorado na Universidade de Harvard,
Adrian F. Ward fez o seguinte experimento: 155 pessoas foram divididas em três
grupos para responder a um questionário com 10 perguntas de conhecimentos
gerais: um grupo não teria acesso ao Google para pesquisar respostas, enquanto
os outros dois poderiam buscar soluções na internet – um deles, no entanto,
receberia resultados falsos à correção de seus testes, acreditando que teriam
80% de aproveitamento.
Se a amnésia digital pudesse ser explicada em apenas uma
frase, a empresa de antivírus Kaspersky indica que é "a experiência de esquecer informações que
estão armazenadas em algum dispositivo que você confia, sendo de fácil
acesso".
Com isso, a pesquisa mostrou que existe uma conexão entre
disponibilidade de informação em gadgets e o nosso armazenamento cerebral."
O
ato de esquecer algo não é intrinsecamente uma coisa ruim. Nós somos criaturas
altamente adaptáveis e apenas não nos lembramos de tudo porque não é mais algo
vantajoso. O ato de esquecer só se torna algo ruim quando envolve perder
informações que nós realmente precisamos saber. Já o ato da memorização é uma habilidade,
e também é importante como ferramenta cognitiva para navegar neste mundo.
Resumindo: ser capaz de memorizar é uma habilidade importante de se ter, mas
apenas se realmente precisarmos disso", explicou a Dr. Mills.
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