Um pouco de Historia: Guerra do Paraguai - A nossa Grande Guerra
Ocorrido entre 1865 e 1870, conflito, tema do especial, não deve ser esquecido
Da Guerra do Paraguai nos restaram lembranças vagas, estátuas equestres do Duque de Caxias nos jardins, ruas e avenidas batizadas como Voluntários da Pátria e a figura de Solano López como vilão (no Paraguai ele é herói). Passados 150 anos da maior guerra travada na América do Sul, o canal History lançou este especial sobre a Guerra do Paraguai, tentando mostrar pontos de vista multifacetados sobre o conflito.
Essa tragédia, que teve lugar entre 1865 e 1870, durante o reinado de Pedro II, é reconstituída em depoimentos de historiadores, especialistas, jornalistas e curiosos. E se vale também da dramatização de cenas de batalhas e assassinatos, com sequências às vezes bastante explícitas e algumas de gosto a ser discutido. O diretor Matheus Ruas serve-se também de recursos da computação gráfica para ilustrar batalhas e estratégias de guerra empregadas nesse conflito. De maneira particular na terrível batalha fluvial que destruiu a frota paraguaia.

A polifonia de opiniões é, no entanto, interessante. Ouvem-se historiadores conhecidos como Mary del Priore e Francisco Doratioto, um descendente direto do governante paraguaio, Miguel Solano López, um filósofo ligado à teologia como Mario Sergio Cortela e o jornalista Eduardo Bueno, divulgador pop da História do Brasil.
Guerra do Paraguai traz a intenção saudável de relativizar certos lugares-comuns ligados ao conflito e a seus personagens. Por exemplo, D. Pedro II ainda é lembrado como um velhinho sábio e bondoso, amigo da cultura e humanista. O retrato dele pintado em Guerra do Paraguai é o de monarca impiedoso e vingativo, que poderia ter detido a mortandade quando a vitória era líquida e certa e não o fez. Já o Duque de Caxias é visto como o militar que botou ordem num exército bagunçado e indisciplinado e, com isso, abriu caminho para a vitória.
Poucas vozes, no entanto, aliviam a memória de Solano López. De passagem cita-se a versão de que López seria incômodo para a potência então dominante, a Inglaterra, e teria sido eliminado por isso. A hipótese, bastante familiar a historiadores de esquerda, é logo descartada. Presta-se mais atenção ao López tirano, condottiere enlouquecido numa guerra inútil. Alguém se lembra de que o povo estava com ele, mas esse dado não encontra maior repercussão.
O fato é que se D. Pedro poderia ter sido magnânimo como vencedor, Solano melhor faria sendo bom perdedor, isto é, poupando seu povo do sacrifício inútil quando a derrota era inevitável. Não quis se render.
Morreu na batalha e levou muita gente consigo.
Não falta nem mesmo o lado gossip do episódio, com o perfil curioso da irlandesa Elisa Lynch, mulher de Solano López. Diziam as línguas maldosas que ele a havia conhecido num bordel de Paris, quando era diplomata na França. Não se sabe. Elisa contesta a versão. Consta que era uma beldade, vaidosa e liberal, e teria acompanhado o marido nas batalhas. Saiu ilesa da guerra e morreu em Paris, em 1886, muito depois do final do conflito. Guerra do Paraguai, o programa, é isso: informação, emoção, entretenimento. Pouco profundo, porém interessante.
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